sábado, 12 de junho de 2010

Dúvida-Clevane Pessoa



Dúvida


Há ternura pelo ar,
pétalas em forma de chuva,
aromas a vestir a alma.
Quero interpretar o momento
não sei se ainda tenho tempo
de amar.

Clevane Pessoa
Belo Horizonte, 12062010-Brasil


><*><

Doute

Il y a de la tendresse par l'air,
pétales dans forme de pluie,
aromes à habiller l'âme.
Je veux interpréter le moment
ne sais pas si encore j'ai temps
d'aimer.

>*><

Doubt

It has tendress for air,
petals in rain form,
parfums to dress the soul.
I want to interpret the moment
I do not know if still I have time
to love.

>><<<
Duda

Hay mucha ternura por el aire,
pétalos en forma de lluvia,
aromas que deben tomar toda l'alma.
Quiero hacer la interpretación de ese momento
-no lo entiendo si aunque yo tengo alguno tiempo
de volver a amar.

Clevane Pessoa

12 06/2010

Pedi há pouco, à compositora e cantora Mariana Moraes, que viveu no Brasil, que me apresentasse sua vesão de sse poema, ela é uruguai- e musicou e interpetou nossos poemas no CD Somente Mulheres.Dadas algumas diferenças de expressões idiomaticas e fkuência verbal, pensei que seria melhor uma versão de alguém que fale espanhol.
Imediatamente a amiga envuiou-me esse primor,que aponho aqui, preferindo-o, de longe, ao meu acima:


Hay ternura en el aire
pétalos en forma de lluvia,
aromas que visten el alma.
Quiero interpretar el momento,
no se si todavia tengo tiempo,
tiempo para amar!

Version de Mariana Moraes(Uruguai)

Conheça sua voz e sua interpretação no You Tube em 123ninareis — 1 de maio de 2010 — MARIANA MORAES E GILBERTO OLIVEIRA CD, SOMENTE MULHERES Pétalas Desfolhadas, de Nina Reis-
Sala Zitarrosa Montevidéu- Uruguai
14 de abril de 2010

sábado, 5 de junho de 2010

CHILE-Julho-Isla Negra-Alfred Asís-Pablo Neruda

Casa Museu de Pablo Neruda





Pablo Neruda-desconheço os créditos dessa foografia do Poeta.




Poema de Alfred Asís:





O poeta Alfred Asís, que respira Neruda-mora em frente à casa Museu do poeta-convida-nos para outubro:


islanegra@ciberexplora.cl

paraclevane pessoa

data5 de junho de 2010 14:54


assunto:Isla Negra /Alfred Asís








Invitación

Octubre 2010
Encuentro en Chile
Poetas del Mundo
Desde Isla Negra

Alfred Asís

Recuerdamonos que Alfred Asís organiza los 106 Años del Poeta NERUDA, mandale un poema acerca del bardo chileno y universal e podrás hacer parte de la exposion en la casa/museu .

Divulgación:Clevane Pessoa
Vice Presidente do Instituto Imersão Latina
Diretora Regional do InBrasCI en Belo Horioznte-MG-Brasil e Diretora de divulgação Cultural de ArtForum Mundo Planet e Art Forum Brasil,Unifutura(Universidade Planetária do Futuro)

Considerações sobre os Idosos


Idosos são belos -Clevane Pessoa-foto de Lu Peçanha(*) em 25-05-2009-Poetas Pela Poesia e Pela Paz-Palabra en El Mundo-Marcha Pela Paz.

Postado em Banco do Planeta,por Clevane Pessoa de Araújo Lopes em 5 junho 2010 às 14:21







--
Busco amigos verdadeiros , qual o mergulhador em águas profundas, busca as melhores ostras para achar a pérola.O que resta, pode ser lindo qual o abalon, o nácar,a madrepérola, mas jamais terá o mesmo valor...Clevane Pessoa

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Considerações sobre Pessoas na Terceira Idade.


Idosos são belos
-Ricas sedas amassadas
Sem perder a luz.
Haruko


Assino meus haikais com esse nome, Haruko, que significa ‘primavera” em japonês, nomeada por um namorado de adolescência, que era nissei .Para mim , eclodir em flores significa colorir-me em versos.Afeita ao Oriente, em uma de minhas leituras , soube que a seda é um tecido que mesmo amassado”não perde a luz”.Isso reportou-me ao plissé das rugas no rosto, na pele em geral, dos que já viveram muitos caminhos.Noutro dia, Diovvani Mendonça, poeta que em Belo Horizonte, criou o Projeto “Pão e Poesia”, quando atendi ao seu telefonema, leu-me, emocionado, voz grave, os haikais que encontrará em meu livro virtual Orvalho e entre eles, esse acima, em epígrafe.Na qualidade de “poeta convidada”, estou com seis desses haikais, na edição recente-e nos mega banneres que ele colocou em circuito por escolas.
Lembro-me do rosto em pergaminho de vovó Theófila Theonila Câmara de Araújo, capulhos de algodão na cabeça- que foi mãe de dezenove filhos e minha mãe, a caçula deles, somente a conheceu já velha.Netos e bisnetos ao colo , mansa e santa, não raro sentia as mãozinhas e dedinhos por sua face, às vezes acompanhar a escrita do tempo.E um dia, minha priminha Solimar perguntou-lhe:-Vovó, que é “isso”? Referia-se aos meandros das rugas, quais secos rios...Mas os olhos de vovó, que fora filha única e rica, tendo o esposo perdido seus bens em andanças políticas e negócios mal fadados, embora fosse brilhante poeta, jornalista e trabalhador, brilhavam de felicidade , sempre.Já viúva, tendo vivido mais de cinquenta anos com o homem amado - com quem sonhara pouco antes dele aparecer na fazenda de seu pai, no momento em que ela acabava de contar à tia e madrasta, que ele chegaria em um cavalo ajaezado em prata, baio, e que era um lindo homem - às vezes, eu , chegando do jornal onde trabalhava, a encontrava na varanda de mamãe, a contemplar o espaço, com aqueles olhos iluminados.E eu dizia:”-A senhora está pensando em que?” Ela respondia-me, invariavelmente :-Estou aqui, esperando um dia encontrar-me com o meu Luiz.Era o nome de vovô, Luiz Máximo de Araújo, que todos os dias, enquanto viveu, e estavam na mesma cidade-pois ele viajava muito- dava-lhe um presente. Mesmo quando sem bens, trazia agulhas, linhas, fitas, caixinhas de bombons, broches de bijoux, talvez para compensar-lhe as jóias perdidas. Mesmo àquela época, décadas antes do feminismo engatinhar, jamais foi machista, dizia que à mulher ,bastava administrar a casa e a criação dos filhos, o que já era muito...E ele dizia sempre:”_Velho , não!Sou moço usado”...Cresci amando idosos, espelhada em minha mãe, que se dava bem com todos...

Por sugestão de um dos coordenadores do nosso Movimento Paz e Poesia, agora inserido em “Palabra em El Mundo", o Embaixador da Paz e Poeta Cláudio Márcio Barbosa, fomos a um asilo de anciãos .Conversamos longamente com a psicóloga, a assistente social, a enfermeira, a recreadora que ali estavam.Percebemos o zelo, o conhecimento dessa causa da terceira idade. Esta, hoje, maisa pontada por eufemismos: Serena Idade, Melhor Idade.E então, minha amiga Lu Peçanha,também Embaixadora da Paz, como eu, pelo Cercle de Les Ambassadeurs Univer.de la Paix, que é fotógrafa da alma em seus belos trabalhos, saiu comigo e fomos circular .
E registrar as pessoas, sem mostrar o rosto nas imagens.Lá, vimos desde as pessoas menos idosas –qual uma cadeirante , que disse estar ali por vontade própria- para não "atrapalhar a família "– a macróbias pessoas, quase centenárias.Uma delas, não tinha quase rugas, malares altos –e um olhar onde a luz se abrigava.Outros, já sem a visão .Uma , choramingava sem lágrimas, em clara representação, que sumira sua grinalda, pois no dia seguinte iria coroar Nossa Senhora na igreja . Na verdade, queria ganhar uma nova,mesmo corpulenta, parecia-nos uma daquelas meninhas que sabem jogar chame para os adultos a atenderam, num clara regressão de idade.Havia um senhor a ver Tv ,isolado, talvez por escutar pouco, cadeira bem próxima ao aparelho- ou para ter seu espaço pessoal preservado.O primeiro com quem falamos, fazia lições de casa, orgulhoso de estar sendo alfabetizado, a escrever com lápis , caprichosamente . E um outro, negro e esbelto, vestido com camisa branca bem passada, as mangas ligeiramente arregaçadas, sapatos elegantes, sentado no pátio.E Lu captou um momento único: ventava e uma folha nova de parreira veio pousar aos pés dele. Ela, ao enviar-me essas fotos em preto e branco , de impacto, colocou, simbolicamente nessa fotografia, apenas a folha em verde , uma verdadeira poesia visual, metáfora concreta.

Presenteei-os com os saquinhos do Pão e Poesia do Poeta Diovvani, e eles adoraram , pois quem fica mais velho, tem sempre coisinhas a guardar.
Outra das fotos, mostra uma senhora, costurando uma saia, reduzindo a bainha-a vaidade feminina sempre um traço que anotamos. A assistente social conta-nos de quem não recebia visitas e agora, com netos tomando a si a visita, melhorou muito a ansiedade, a depressão, a saúde geral.

Fiquei a pensar em quantas fraldas teriam trocado, de pessoas que hoje não as visitam, quantas canções de ninar cantaram , quantas noites insones para cuidar de um filho, quanto trabalho extra –além dos próprios gens e vida que doaram a seus descendentes...A solidão dói qual roseiral silvestre ,para colher uma rosa, muitas picadas e dores.Felizmente, voluntários aparecem, para suprir as carências, adotam os velhinhos em dias de visita...Lembro-me ainda, em meu consultório, que quando foi-me levada uma senhora que não mais saía de casa, e a coloquei na maca, para levá-la a um estado Alpha e melhor chegar ao cerne de seu problema, enquanto falava no relaxamento, tomei nas mãos seus pés e os massageei.Uma crise de choro.E depois, a catarse.Indagada sobre tanta emoção, ela confidenciou-me a soluçar-“Acontece, que há dez anos, ninguém me toca”...O filho construíra uma gaiola dourada, com tudo que uma pessoa idosa pode precisar. A nora era ciumenta. Da porta, o filho dava boa noite ,os netos também ...Mal lhe falavam.Nos finais de semana, viajavam, e ela não era levada “por causa da idade”. A solidão minou os resquícios de uma rica vida de ações –ela fora a primeira mulher a dirigir um carro, em sua região, lembrou em lágrimas. . Depois de muita terapia familiar, quando mudei-me, ela já ia sozinha à consulta, com uma bolsa linda de matelessé, feita por ela mesma, onde, numa bolsinha menor, presa por um roloté, no fundo, levava seu dinheiro –“Assim engano o ladrão”, dizia alegremente, pois usava agora uma condução coletiva, novamente independente.

Para mim, mesmo ao explicar às novas gerações o potencial de uma pessoa que já viveu muito, basta-lhes a tarefa falar de sua vida e dos tempos vividos: são testemunhas vivas de suas épocas e História desfila com conhecimento de causa.Quando recebi da ALTO(**) ,através do Secretário professor Wilson Colares, o lindo livro de Didinha, Hilda Ottoni Porto Ramos, da tradicional família otoniense,“Memórias Vivas...Vivas Memórias”, encantei-me.Tive a demonstração exata do que sempre busco ensinar: idosos são referências vivas . E quem lhes possibilita registrar lembranças, merece nosso aplauso e aprovação .Pessoas de muita vivência trazem informações vívidas e confiáveis, até das transformações da língua, as trocas de moeda,os costumes ....Afinal, qual disse o Poeta chileno Pablo Neruda, confessam que...viveram (*) ! Fora as doenças próprias da idade, quando alguns têm dificuldades em lembrar-se de muita coisa - onde colocaram os óculos, o jornal- as relembranças, a memória retrógrada são preservadas quase sempre .E, muitas vezes, aparecem em flashs rápidos.Não as descurem, não as desdenhem, ouçam-nas...Idosos são belos:ricas sedas amassadas, não perdem a luz.

Clevane Pessoa de Araújo Lopes
Acadêmica Correspondente da ALTO
Belo Horizonte, MG
http://ocasoespetacular.blogspot.com
clevanepax@gmail.com

(*) “Confesso que Vivi”-livro de Pablo Neruda-que agora em 2010 completaria 106 anos.

(**) ALTO(Academia de Letras de Teófilo Otoni)

Reeenvio o texto e, por favor, acuse o recebimento, pois estou com problemas com om provedor novo.

Cordialmente, recomendações aos confrades e confreiras.:

Clevane




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Busco amigos verdadeiros , qual o mergulhador em águas profundas, busca as melhores ostras para achar a pérola.O que resta, pode ser lindo qual o abalon, o nácar,a madrepérola, mas jamais terá o mesmo valor...Clevane Pessoa

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Considerações sobre Pessoas na Terceira Idade.


Idosos são belos
-Ricas sedas amassadas
Sem perder a luz.
Haruko


Assino meus haikais com esse nome, Haruko, que significa ‘primavera” em japonês, nomeada por um namorado de adolescência, que era nissei .Para mim , eclodir em flores significa colorir-me em versos.Afeita ao Oriente, em uma de minhas leituras , soube que a seda é um tecido que mesmo amassado”não perde a luz”.Isso reportou-me ao plissé das rugas no rosto, na pele em geral, dos que já viveram muitos caminhos.Noutro dia, Diovvani Mendonça, poeta que em Belo Horizonte, criou o Projeto “Pão e Poesia”, quando atendi ao seu telefonema, leu-me, emocionado, voz grave, os haikais que encontrará em meu livro virtual Orvalho e entre eles, esse acima, em epígrafe.Na qualidade de “poeta convidada”, estou com seis desses haikais, na edição recente-e nos mega banneres que ele colocou em circuito por escolas.
Lembro-me do rosto em pergaminho de vovó Theófila Theonila Câmara de Araújo, capulhos de algodão na cabeça- que foi mãe de dezenove filhos e minha mãe, a caçula deles, somente a conheceu já velha.Netos e bisnetos ao colo , mansa e santa, não raro sentia as mãozinhas e dedinhos por sua face, às vezes acompanhar a escrita do tempo.E um dia, minha priminha Solimar perguntou-lhe:-Vovó, que é “isso”? Referia-se aos meandros das rugas, quais secos rios...Mas os olhos de vovó, que fora filha única e rica, tendo o esposo perdido seus bens em andanças políticas e negócios mal fadados, embora fosse brilhante poeta, jornalista e trabalhador, brilhavam de felicidade , sempre.Já viúva, tendo vivido mais de cinquenta anos com o homem amado - com quem sonhara pouco antes dele aparecer na fazenda de seu pai, no momento em que ela acabava de contar à tia e madrasta, que ele chegaria em um cavalo ajaezado em prata, baio, e que era um lindo homem - às vezes, eu , chegando do jornal onde trabalhava, a encontrava na varanda de mamãe, a contemplar o espaço, com aqueles olhos iluminados.E eu dizia:”-A senhora está pensando em que?” Ela respondia-me, invariavelmente :-Estou aqui, esperando um dia encontrar-me com o meu Luiz.Era o nome de vovô, Luiz Máximo de Araújo, que todos os dias, enquanto viveu, e estavam na mesma cidade-pois ele viajava muito- dava-lhe um presente. Mesmo quando sem bens, trazia agulhas, linhas, fitas, caixinhas de bombons, broches de bijoux, talvez para compensar-lhe as jóias perdidas. Mesmo àquela época, décadas antes do feminismo engatinhar, jamais foi machista, dizia que à mulher ,bastava administrar a casa e a criação dos filhos, o que já era muito...E ele dizia sempre:”_Velho , não!Sou moço usado”...Cresci amando idosos, espelhada em minha mãe, que se dava bem com todos...

Por sugestão de um dos coordenadores do nosso Movimento Paz e Poesia, agora inserido em “Palabra em El Mundo", o Embaixador da Paz e Poeta Cláudio Márcio Barbosa, fomos a um asilo de anciãos .Conversamos longamente com a psicóloga, a assistente social, a enfermeira, a recreadora que ali estavam.Percebemos o zelo, o conhecimento dessa causa da terceira idade. Esta, hoje, maisa pontada por eufemismos: Serena Idade, Melhor Idade.E então, minha amiga Lu Peçanha,também Embaixadora da Paz, como eu, pelo Cercle de Les Ambassadeurs Univer.de la Paix, que é fotógrafa da alma em seus belos trabalhos, saiu comigo e fomos circular .
E registrar as pessoas, sem mostrar o rosto nas imagens.Lá, vimos desde as pessoas menos idosas –qual uma cadeirante , que disse estar ali por vontade própria- para não "atrapalhar a família "– a macróbias pessoas, quase centenárias.Uma delas, não tinha quase rugas, malares altos –e um olhar onde a luz se abrigava.Outros, já sem a visão .Uma , choramingava sem lágrimas, em clara representação, que sumira sua grinalda, pois no dia seguinte iria coroar Nossa Senhora na igreja . Na verdade, queria ganhar uma nova,mesmo corpulenta, parecia-nos uma daquelas meninhas que sabem jogar chame para os adultos a atenderam, num clara regressão de idade.Havia um senhor a ver Tv ,isolado, talvez por escutar pouco, cadeira bem próxima ao aparelho- ou para ter seu espaço pessoal preservado.O primeiro com quem falamos, fazia lições de casa, orgulhoso de estar sendo alfabetizado, a escrever com lápis , caprichosamente . E um outro, negro e esbelto, vestido com camisa branca bem passada, as mangas ligeiramente arregaçadas, sapatos elegantes, sentado no pátio.E Lu captou um momento único: ventava e uma folha nova de parreira veio pousar aos pés dele. Ela, ao enviar-me essas fotos em preto e branco , de impacto, colocou, simbolicamente nessa fotografia, apenas a folha em verde , uma verdadeira poesia visual, metáfora concreta.
Presenteei-os com os saquinhos do Pão e Poesia do Poeta Diovvani, e eles adoraram , pois quem fica mais velho, tem sempre coisinhas a guardar.
Outra das fotos, mostra uma senhora, costurando uma saia, reduzindo a bainha-a vaidade feminina sempre um traço que anotamos. A assistente social conta-nos de quem não recebia visitas e agora, com netos tomando a si a visita, melhorou muito a ansiedade, a depressão, a saúde geral.
Fiquei a pensar em quantas fraldas teriam trocado, de pessoas que hoje não as visitam, quantas canções de ninar cantaram , quantas noites insones para cuidar de um filho, quanto trabalho extra –além dos próprios gens e vida que doaram a seus descendentes...A solidão dói qual roseiral silvestre ,para colher uma rosa, muitas picadas e dores.Felizmente, voluntários aparecem, para suprir as carências, adotam os velhinhos em dias de visita...Lembro-me ainda, em meu consultório, que quando foi-me levada uma senhora que não mais saía de casa, e a coloquei na maca, para levá-la a um estado Alpha e melhor chegar ao cerne de seu problema, enquanto falava no relaxamento, tomei nas mãos seus pés e os massageei.Uma crise de choro.E depois, a catarse.Indagada sobre tanta emoção, ela confidenciou-me a soluçar-“Acontece, que há dez anos, ninguém me toca”...O filho construíra uma gaiola dourada, com tudo que uma pessoa idosa pode precisar. A nora era ciumenta. Da porta, o filho dava boa noite ,os netos também ...Mal lhe falavam.Nos finais de semana, viajavam, e ela não era levada “por causa da idade”. A solidão minou os resquícios de uma rica vida de ações –ela fora a primeira mulher a dirigir um carro, em sua região, lembrou em lágrimas. . Depois de muita terapia familiar, quando mudei-me, ela já ia sozinha à consulta, com uma bolsa linda de matelessé, feita por ela mesma, onde, numa bolsinha menor, presa por um roloté, no fundo, levava seu dinheiro –“Assim engano o ladrão”, dizia alegremente, pois usava agora uma condução coletiva, novamente independente.
Para mim, mesmo ao explicar às novas gerações o potencial de uma pessoa que já viveu muito, basta-lhes a tarefa falar de sua vida e dos tempos vividos: são testemunhas vivas de suas épocas e História desfila com conhecimento de causa.Quando recebi da ALTO(**) ,através do Secretário professor Wilson Colares, o lindo livro de Didinha, Hilda Ottoni Porto Ramos, da tradicional família otoniense,“Memórias Vivas...Vivas Memórias”, encantei-me.Tive a demonstração exata do que sempre busco ensinar: idosos são referências vivas . E quem lhes possibilita registrar lembranças, merece nosso aplauso e aprovação .Pessoas de muita vivência trazem informações vívidas e confiáveis, até das transformações da língua, as trocas de moeda,os costumes ....Afinal, qual disse o Poeta chileno Pablo Neruda, confessam que...viveram (*) ! Fora as doenças próprias da idade, quando alguns têm dificuldades em lembrar-se de muita coisa - onde colocaram os óculos, o jornal- as relembranças, a memória retrógrada são preservadas quase sempre .E, muitas vezes, aparecem em flashs rápidos.Não as descurem, não as desdenhem, ouçam-nas...Idosos são belos:ricas sedas amassadas, não perdem a luz.

Clevane Pessoa de Araújo Lopes
Acadêmica Correspondente da ALTO
Belo Horizonte, MG



Crédito da foto:Lu Peçanha, também da Comunidade Banco do Planeta.-abril 2010-Belo Horizonte-->("Lucilene Ianino Lima Peçanha:lucilene_pecanha@hotmail.com">lucilene_pecanha@hotmail.com>)


(*) Lu Peçanha e eu somos Embaixadoras da paz, pelo Cercle de Les Amabassadeurs Univ. de La Paix , membros do Green Peace,do banco do Planeta, e Poetas del Mundo.